A Escola de Serviço Social de Niterói (ESSN) foi fundada através do decreto estadual 1.397 em 19451 com apoio de Alzira Vargas, que era primeira-dama do Estado do Rio de Janeiro e filha do presidente da República Getúlio Vargas. Cabe citar que, durante os anos 1940, Amaral Peixoto tentara uma nova modernização da região2, e que dessa forma deu-se o incremento do número de empregos na cidade de Niterói, particularmente os relacionados à área portuária. As políticas de governo no antigo Estado do Rio de Janeiro procuravam atender ao aumento da demanda decorrente do grande afluxo de pessoas que migravam, especialmente para Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense3, em busca desses empregos e de melhores condições de vida. Destacamos que Niterói polarizava determinadas ações realizadas na área social por intermédio da Legião Brasileira de Assistência (LBA) fluminense, uma vez que tinha fortes vínculos com o poder federal e estadual4.

Rita de Cássia Santos Freitas observa que a LBA fluminense organizava cursos intensivos para treinamento de voluntários na área social e que estes foram o embrião para o surgimento da Escola de Serviço Social de Niterói, que iniciou suas atividades no dia 23 de agosto de 1945, como unidade isolada, tecida por mãos femininas e com cores da paisagem local5.

O governo do Estado do Rio de Janeiro e a Legião Brasileira de Assistência eram os responsáveis pela manutenção da escola, possibilitando o não pagamento de mensalidades pelas alunas. Tal diferencial favoreceu a procura do curso pelas meninas do interior, que esperavam exercer a profissão ao retornar para suas cidades de origem onde a carência era grande. No entanto, cabe destacar que a maioria das alunas acabava ficando em Niterói, se engajando em trabalhos na capital fluminense.

A escola atendia os funcionários do Serviço Social da Indústria (Sesi) da Legião Brasileira de Assistência (LBA) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); e sua primeira turma formou professoras e supervisoras que contribuíram para formação da rede de proteção social da cidade e do estado, assim como as primeiras professoras do próprio curso6. Alzira Vargas, Violeta Campofiorito, Yolanda de Sá Antunes Maciel, Petra Maria Calazans e Heloisa Marcondes Faria foram alguns dos importantes nomes ao longo da história desta escola.

A partir de 1946, o papel da unidade e de suas alunas cresceu, uma vez que a Legião Brasileira de Assistência (LBA) passou a assistência dos casos mais complexos para a ESSN, reforçando a perspectiva da aprendizagem por meio do trabalho empírico e aumentando a demanda por melhoria e maiores investimentos nesse campo.

Outro aspecto a destacar é que a Escola de Serviço Social de Niterói se diferenciava, em alguns aspectos, de outras escolas de Serviço Social existentes no Brasil. Nela o domínio católico era um pouco menor e a identificação com o poder público era mais direta. Seu corpo discente era composto por mulheres da elite e das classes intermediárias fluminense, que tinham a oportunidade de viajar, fazendo palestras em diversas cidades do estado e do Brasil. Cabe ressaltar que muitas delas foram responsáveis pela tradução das principais obras estrangeiras sobre assistência social7.

Os primeiros anos da década de 1950 foram marcados por mudanças na administração da instituição, quando D. Yolanda de Sá Antunes Maciel retorna para São Paulo em 1951, e em seu lugar assume D. Violeta Campofiorito de Saldanha da Gama como diretora interina, que, em seguida, foi efetivada no cargo, ocupando-o até o ano de 19668.

A ESSN foi reconhecida como instituição pública estadual através da lei 2.196 de 23 de julho de 1954, ficando subordinada à Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Quatro anos depois, a lei 3.656 de 12 de junho de 1958 integrou as escolas de Serviço Social, Enfermagem e Engenharia à Universidade do Estado do Rio de Janeiro9. Em 1961 a ESSN foi agregada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uferj )10, junto com outras quatro agregadas e cinco incorporadas.


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Notas

1 FREITAS, Rita de Cássia Santos. Escola de serviço social de Niterói. [201-?]. Disponível em: <http://www.ess.uff.br/index.php/iniciar-aqui.html>. Acesso em: 27 maio 2012
2 AZEVEDO, Marlice Nazareth Soares de. Niterói urbano:a construção do espaço da cidade.In: KNAUSS, Paulo; MARTINS, Ismênia de Lima (Org.). Cidade múltipla: temas de história de Niterói. Niterói: Niterói Livros, 1997, p. 19-72.
3 ABREU, Mauricio de. A evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Pereira Passos, 2008.p. 79.
4 VIEIRA, J. Ribas. A Universidade Federal Fluminense: de um projeto adiado a sua consolidação institucional, subsídios para uma interpretação. Niterói: UFF, CEUFF, 1985. p. 45.
5 FREITAS, [201-?].
6 FREITAS, [201-?].
7 FREITAS, [201-?].
8 FREITAS, [201-?].
9 FIQUEIREDO, M. B. Democratização da Educação Superior (1945-1968): transformações exemplificadas pela trajetória da Escola de Serviço Social/Niterói da Universidade Federal Fluminense. Monografia de final de curso de Pós-Graduação em História do Brasil pós-30 (ICHF-UFF), 2007. Apud FREITAS, Rita de Cássia Santos. Escola de serviço social de Niterói. Disponível em <http://www.ess.uff.br/index.php>. [201?]. Acesso em 27 maio 2012.
10 FIQUEIREDO, 2007.

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