Os primeiros passos da Faculdade Fluminense de Medicina começaram a ser dados em 1921, por meio da tentativa de organização, ainda sem êxito, da Faculdade de Medicina do Estado do Rio de Janeiro1, que foi encaminhada por Antônio Pedro Pimentel, Artur Vitor, Andrade Neves e Sena Campos. Cabe observar que a fundação da instituição só ocorreu em 1925, e para tal contou com o apoio de Abreu Sodré, então presidente do estado, e de um grupo de médicos do Rio de Janeiro e de Niterói. Sena Campos e Antônio Pedro estiveram a frente de sua fundação, como faculdade de natureza particular, que realizou sua aula inaugural em 31 de maio de 1926, ministrada pelo professor Otílio Machado, catedrático de Biologia e Parasitologia2.

Durante os seis primeiros anos, a faculdade foi considerada semioficial, mas recebia uma contribuição anual de R$ 75.000000,00 da Prefeitura de Niterói, durante o período entre 1927 e 1930, além dos prédios para o funcionamento de sua sede e os espaços para execução de suas atividades, como aulas práticas, gabinetes, salas, laboratórios e enfermarias do Hospital São João Batista e Maternidade anexo 2.

As faculdades de Medicina e a Escola de Odontologia e Farmácia foram anexadas por Ary Parreiras, então interventor estadual, no início da década de 19303, mas já no ano seguinte, Mena Barreto, também interventor, reorganizou a instituição, mantendo sua autonomia didática e financeira, ofertando-lhe subsídios financeiros e a sua oficialização, como estabelecimento subvencionado pelos cofres estaduais4. Nesse momento, a administração da faculdade conseguia o apoio de governantes, assim como de pessoas ilustres da sociedade local e daquelas ligadas à indústria, comércio, fato que propulsionou seu crescimento, na medida em que adquiria instrumentos, maquinário e tecnologia, transformando-se numa faculdade de ponta5. Segundo Sergio Setúbal6, nesse mesmo período, o Departamento Nacional de Ensino equiparou a faculdade aos outros cursos médicos do país e reconheceu a oficialidade dos diplomas concedidos à primeira turma.

Em 1934, a FFM inaugurou a Policlínica Barros Terra e transferiu para lá os cinco ambulatórios e o Setor Radiológico que até então funcionavam na Rua Visconde de Moraes, 101. Cabe destacar a presença de expressivos nomes da sociedade fluminense, assim como pessoas ligadas ao governo Vargas, como Ary Parreiras, nas festividades da inauguração, que contou com a conferência proferida pelo Dr. Carlos Chagas, então diretor do Instituto Osvaldo Cruz7. No período de 1931 a 1945, a faculdade estava sob a direção do professor Barros Terra, considerado o seu grande consolidador, e nesse contexto, foi anexada ao governo do estado até 1938, quando voltou a ser privada.

As informações sobre a existência de uma Escola de Odontologia8, anexa à Faculdade Fluminense de Medicina, aparecem no ano de 1940, mesmo ano onde está registrado um total de 533 matriculados nos cursos médicos e 83 matriculados no curso de Odontologia. Nessa ocasião, foi inaugurado um gabinete dentário na policlínica, destinado ao atendimento dos doentes e também às crianças em idade escolar9.

Cabe ressaltar que, a partir de 1938, a Faculdade Fluminense de Medicina já dispunha de técnicos qualificados, bons professores e uma quantidade considerável de estudantes que passavam por um rigoroso sistema avaliativo, que ocorria por meio de vestibular desde o início de suas atividades10.Durante as décadas de 1940 e 1950, passou a estar submetida às inspeções federais, até sua federalização em 1950. Funcionou por dez anos como escola federal isolada, o que significou uma considerável melhoria nas condições de trabalho e na resolução dos problemas financeiros existentes até então; e já em 1950, apenas 25% dos estudantes da faculdade pertenciam ao Estado do Rio de Janeiro, denotando o sucesso que fazia no país. Em 1960, a faculdade foi incorporada junto a outras faculdades da capital fluminense, dando origem à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uferj)11.

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Notas

SETUBAL, Sergio. A Faculdade Fluminense de Medicina. [2006?].Disponível em: <http://labutes.vilabol.uol.com.br/pagina04.html>. Acesso em: 21 maio 2012.
2 FACULDADE FLUMINENSE DE MEDICINA. Sua fundação e evolução. Niterói: [s.n., 1950?].
SETUBAL, [2006?].
FACULDADE FLUMINENSE DE MEDICINA, [1950?], p. 4.
GARCIA, P.M. Crônica da Faculdade Fluminense de Medicina. Separata impressa com 8 páginas, numeradas de 207 a 214,1975 apud SETUBAL, Sergio. A Faculdade Fluminense de Medicina. Disponível em <http://labutes.vilabol.uol.com.br/pagina04.html>. Acesso em: 21 maio 2012.
FACULDADE FLUMINENSE DE MEDICINA, [1950?], p. 14-15.
SETUBAL, [2006?].
FACULDADE FLUMINENSE DE MEDICINA, [1950], p. 17.
9 Pelo que apuramos, essa Escola anexa de Odontologia fundiu-se com o curso de Odontologia da antiga Escola de Farmácia, dando origem à atual Faculdade de Odontologia da Uferj. Cf. Atas de reuniões do Conselho Universitário da Uferj-1961.
10 FACULDADE FLUMINENSE DE MEDICINA, [1950?], p. 20.
11 O vestibular inicial dessa faculdade ocorria por meio de um curso preparatório, o Curso Anexo, que era realizado na década de 1920 no prédio onde hoje funciona o Liceu Nilo Peçanha. (FACULDADE FLUMINENSE DE MEDICINA, [1950?], p. 20).
12 SETUBAL, [2006?]. Sobre essas informações, consultamos igualmente as atas de reuniões do Conselho Universitário da Uferj -1961.

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