A Escola Fluminense de Veterinária foi fundada na cidade de Niterói em 11 de março de 1936, por meio de um movimento liderado pelo professor Américo de Souza Braga1. Iniciou sua trajetória como uma escola de ensino veterinário, vinculada à Escola Superior de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de formar veterinários progressistas, inspirados em cursos de países com economia rural mais avançada, e para incentivar a opção dos adolescentes do Estado do Rio de Janeiro no sentido de uma formação voltada para o trabalho nas áreas rurais. O período letivo começou logo em abril de 1936, e suas atividades foram oficializadas pelo governo estadual através da lei 115 de 24 de outubro de 19362, referenciadas por seu primeiro regimento, que seguia as observações do decreto 25.858 de 8 de fevereiro de 1934. Além das atividades voltadas para o ensino veterinário, com duração de quatro anos, a escola também oferecia um curso destinado à formação de práticos rurais, mantido pela Secretaria de Agricultura do Estado, nos termos do decreto n. 891 de 16 de junho de 1940.

Nos primeiros anos, as aulas práticas e o trabalho de campo dos estudantes ocorriam na Secretaria de Agricultura do Estado, que funcionava no Horto de Niterói, no bairro do Fonseca, mas em 1939 recebeu a doação do Dr. Vital Brazil Filho de um terreno desmembrado do Instituto Vital Brazil para a construção da sede da escola3, que dispunha de 8.600 metros.

É interessante notar, que, pelo fato de estar localizada em Niterói, capital do antigo Estado do Rio de Janeiro, onde as Instituições de Ensino Superior logravam êxito e graças ao conceito de seu corpo docente, a cada ano, a faculdade recebia um maior número de estudantes e, desta forma, tornou-se o estabelecimento de ensino superior veterinário mais procurado mesmo antes de ser federalizado. Entre 1939 e 1964, a escola diplomou 504 veterinários e 20 veterinárias, quantitativo que representava cerca de 20% dos profissionais formados na área no Brasil, num período em que já existiam oito estabelecimentos ao todo no país4.

A Escola Fluminense de Medicina Veterinária foi reconhecida pelo decreto presidencial 8.325 de 3 de dezembro de 1941, e sua federalização ocorreu através da lei 1.005 de 16 de janeiro de 1950. Alguns legisladores tiveram importante papel no projeto de sua federalização, como os deputados Agostinho Monteiro, Ernani do Amaral Peixoto, Acurcio Francisco Torres e Antonio Botelho Maia. Na Assembleia Legislativa, o apoio vinha por meio da atuação na tribuna dos deputados Alberto Francisco Torres e Vasconcellos Torres. Após essa etapa, as conquistas estão relacionadas à criação de seu quadro de pessoal, em 12 de fevereiro de 1953, através da lei 1.813, e ao aproveitamento do pessoal já existente na faculdade, que passou a pertencer ao Serviço Público Federal. Através da mesma lei, foram aprovadas as nomeações do corpo docente da faculdade, que tinha 17 professores concursados por títulos, em caráter vitalício, e quatro professores interinos, de quando foi fundada. Observamos que até o ano de 1965 foram realizados outros dez concursos de títulos e provas para cátedras, além de entradas somente por títulos, destinados aos professores interinos5.

As dificuldades para manutenção da qualidade de seu funcionamento eram muitas, mas a eficiência dos trabalhos da antiga Escola Fluminense de Medicina Veterinária ficava assegurada por meio da cooperação do Instituto Vital Brazil, do Instituto de Biologia Animal, da Divisão de Inspeção de Origem Animal e dos matadouros de Niterói e Nilópolis, dentre outros estabelecimentos que cediam laboratórios para a realização dos trabalhos práticos dos estudantes e professores6.

Todo esse processo de reconhecimento, federalização, criação de quadro de pessoal implantado pelo governo federal, fez parte de um plano de realizações estabelecido entre a Escola e o Ministério de Agricultura, iniciado em 1951. Tal parceria seguiu sendo implementada com a incorporação da faculdade à Uferj em 19607.

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Notas

1 MORAES, Lincoln Gripp de. Faculdade de Veterinária da UFERJ. Revista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, ano 1, v. 3, p. 11, 1965.
PEREIRA, Durval de Almeida Baptista. Contribuição para a história da UFF: a luta para sua criação e os fatos que geraram as crises dos primeiros anos de existência 1947-1966. Niterói: UFF, Imprensa Universitária, CEUFF, 1966. p. 20-21.
3 MORAES, 1965, p. 13-15.
4 Ilustres nomes participaram com afinco para a materialização dessa unidade, dentre os quais podemos citar Moacyr Alves de Souza, Guilherme Edelberto Hermsdorff, Geneville Hermsdorff, Nilo Garcia Carneiro, Argemiro de Oliveira, Taylor Ribeiro de Mello, Henrique Blanc de Freitas, Oscar Fleury Nunes, Ascanio Faria, Raymundo Demócrito da Silva, Alfredo da Costa Monteiro, Sylvio Torres, Fernando Chaltein, Waldemar de Castro Fretz e José Luiz Guimarães dos Santos, todos veterinários. Também desempenharam importante papel os engenheiros agrônomos Waldemar Raythe de Queiroz e Silva e Antonio Motta Filho; e os médicos Salomão Vergueiro da Cruz, Ayrton Ribeiro Gomes e Vital Brazil Filho. Cf. MORAES, 1965, p. 16.
5 MORAES, 1965, p. 23.
6 MORAES, 1965, p. 19.
7 MORAES, 1965, p. 19.

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