1 A Escola Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense

Em 1961, a Associação de Engenheiros de Volta Redonda, após estudos, julgou necessário implementar providências no setor de formação de técnicos engenheiros, sobretudo no campo da metalurgia. Para tal, a associação pediu à Escola Fluminense de Engenharia da Uferj que criasse um curso de Metalurgia em Volta Redonda. Em 17 de julho de 1961, o curso foi solenemente instalado por meio de convênio entre a Escola Fluminense de Engenharia da Uferj e a Companhia Siderúrgica Nacional, tendo transcurso normal até junho de 1962, quando viveu um processo de crise¹. Também é importante ressaltar que a criação do curso se vinculou à proposta do estabelecimento em Volta Redonda de uma universidade do trabalho, iniciativa do governo Jânio Quadros que não logrou êxito. Em dezembro de 1962, os estudantes de Engenharia passaram a ser geridos pela direção da Escola de Engenharia da Uferj que ofereceu o curso de Engenharia Industrial, localizado na Escola Pandiá Calógeras².

A seguir, em 13 de março de 1968, a Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda (EEIMVR) tornou-se parte integrante da Universidade Federal Fluminense, estabelecida oficialmente pelo Plano de Reestruturação dessa instituição, conforme aprovação do Conselho Federal de Educação, mediante parecer nº 90/68, de 08/2/68, reestruturado pelo Decreto Presidencial nº 6.244, de 15/3/68, e pelo parecer do CEF nº 696, de 05/9/69.

A Escola de Engenharia em Volta Redonda se inseriu nos objetivos de graduar engenheiros metalúrgicos, cuja formação privilegiasse grande interação prática com a indústria siderúrgica³. Tal investimento era bastante promissor visto que o setor despontava como alvo de pesados investimentos pelo governo brasileiro e para o qual carecia de profissionais altamente qualificados. O intuito era unir efetivamente a teoria acadêmica à prática profissional e, portanto, a cidade de Volta Redonda foi especificamente escolhida para a implantação desta escola por sediar a Usina Presidente Vargas da Companhia Siderúrgica Nacional, tendo em vista a sua infraestrutura urbana, os interesses da indústria e da sociedade na implantação universitária e a proximidade desta cidade com o Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte – polos da ciência metalúrgica –, facilitando a vinda de profissionais especializados⁴.

Em seus dez primeiros anos, a Escola de Engenharia de Volta Redonda formou cerca de 500 engenheiros, sendo que boa parte desse quantitativo possuía inserção na Companhia Siderúrgica Nacional. Com o crescimento da cidade, ainda nos anos 1960, estudos pertinentes à criação de cursos de Medicina e Odontologia, Administração de Empresas, Educação Física e Educação, Ciências e Letras foram elaborados, no entanto, as iniciativas não chegaram a se concretizar. No entanto, em 1967, com a finalidade de colaborar com a presença e manutenção da Universidade em Volta Redonda, as entidades médica e odontológica e cidadãos influentes da cidade de Volta Redonda organizaram a Fundação Osvaldo Aranha, com a finalidade de ampliar e manter a universidade em Volta Redonda. A fundação foi instalada por ato de assembleia geral, em sessão solene, contando com a presença e constituída por autoridades do governo federal, estadual e municipal, além de representantes locais⁵.

As três décadas seguintes, 1970, 1980 e 1990, foram marcadas pela continuidade e incremento das atividades da escola. Em 1977, o currículo foi modificado, sendo inserido, no último semestre do curso, a elaboração de projeto de pesquisa, aumentando a duração do curso de quatro para cinco períodos. Nessa época, ocorreram também melhorias significativas nas instalações da escola, que passou a contar com mais um prédio construído pela UFF onde começaram a funcionar laboratórios de ensaios mecânicos, fundição, tratamento de minérios, metalografia, corrosão e tratamentos superficiais, carvão e coque, refratários e informática. Igualmente, aumentou o oferecimento às indústrias da Região Sul Fluminense, serviços e assessoria referentes à área metalúrgica⁶.

Em 17 de julho de 1991, a escola completou 30 anos de fundação e procurava melhorar seu entrosamento com a comunidade, ampliando-se convênios para oferecer melhores atendimentos técnicos às indústrias da região e a implementação de cursos de extensão⁸.

2 A Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense (1994-2014)

No decorrer da década de 1990, ocorreram mudanças significativas na filosofia da Escola de Engenharia Metalúrgica e Industrial de Volta Redonda, que faziam parte dos incentivos dados à interiorização da Universidade Federal Fluminense no Estado do Rio de Janeiro. Em 1994, foi criado o primeiro programa de pós-graduação iniciado com o curso de mestrado em Engenharia Metalúrgica. Dois anos depois, foram abertas especializações MBA e em 1997 uma nova proposta foi realizada no ensino de graduação; o ciclo básico do curso de Engenharia passou a ser todo ministrado na própria escola. Essa mudança permitiu que fosse aberto o vestibular específico para o curso de Engenharia de Volta Redonda, colaborando para dar uma maior projeção à UFF na Cidade do Aço⁹.

Na área de graduação, a EEIMVR buscou ampliar a oferta de cursos, sobretudo a partir de 2001, quando implementou os cursos de Engenharia Mecânica e de Produção e se consolidou como um polo de educação tecnológica de alto nível¹⁰. Atualmente, oferece os seguintes cursos de graduação: Engenharia Metalúrgica de Materiais (forma engenheiros metalúrgicos aptos para atuarem em setores industriais, área de serviços e ensino técnico, com duração entre dez e 16 semestres), Engenharia Mecânica (o curso visa formar profissionais com alta qualidade para resolver problemas de engenharia mecânica, desenvolver pesquisas e projetos, acompanhar o progresso científico, tecnológico e humanístico na área, com atenção para as questões socioambientais; a duração mínima do curso é de dez semestres e máxima de 16), Engenharia de Produção (busca formar engenheiros e profissionais capacitados para o trabalho de identificação, formulação e solução de problemas ligados às atividades de projeto, operação e gerenciamento do trabalho e de sistemas de produção de bens e/ou serviços; tem duração mínima de dez e máxima de 16 semestres), Engenharia de Agronegócios (destinado a formar profissionais com sólida base técnico-científica, atualizados nas modernas técnicas de gerenciamento, administração, garantia da qualidade, sistemas de produção, processamento, manuseio, armazenagem e transporte de produtos agropecuários. Esses profissionais são preparados para contribuir para o desenvolvimento do setor tanto na produção como na pesquisa e comercialização de seus produtos e insumos; o curso tem duração mínima de dez e máxima de 16 semestres)¹¹.

Na década de 1990, como dito anteriormente, foram introduzidas as primeiras pós-graduações na escola. Em 1994, foi criado o primeiro programa de pós-graduação, iniciado com o curso de mestrado em Engenharia Metalúrgica, produto de um convênio da UFF com a CSN. Em 1996, foi criada a especialização MBA – Estratégia Industrial e Gestão de Negócios. No ano 2000, a escola criou seu primeiro curso de doutorado em Engenharia Metalúrgica, completando, desta forma, os níveis de formação acadêmica superior¹².

Ao longo de 20 anos, a escola buscou incentivar a ampliação da área de pós-graduação, consolidando as iniciativas existentes e fomentando o surgimento de novos programas. Atualmente, conta com cinco programas de pós-graduação stricto sensu, um mestrado profissional e um MBA. Na área de metalurgia e materiais, oferece o mestrado e o doutorado; também disponibiliza os mestrados em Modelagem Computacional e em Engenharia Mecânica¹³. Na área de tecnologia ambiental, a EEIMVR oferece o mestrado que foi criado em 2012¹⁴.

A escola conta ainda com um mestrado profissional em Engenharia de Produção, que é voltado para a introdução de procedimentos e técnicas inovadoras na área e que atendam à demanda nos centros de trabalho¹⁵. Por fim, o MBA em Gerenciamento de Projetos, denominado MBA Labceovr, foi criado em 1998 e se constitui como um núcleo de pesquisa, ensino, pós-graduação e educação continuada. Ao longo de sua trajetória, tem formado profissionais que atuam em empresas como Vale do Rio Doce, Petrobras, Subsea, Emerson e Chemtech¹⁶.

É importante salientar que, a partir do desenvolvimento dos programas de pós-graduação, ocorreu um incentivo à pesquisa dentro da escola.

Os recursos de laboratórios, biblioteca, salas de aulas e estudo e de rede de computadores foram expandidos. Este convênio se estendeu até 1999, a partir daí o Programa, sem o auxílio da CSN, ampliou mais seus horizontes. A criação do curso de Doutorado em 2000 permitiu um crescimento uniforme que se perpetua até os dias de hoje. São 12 professores e 50 alunos, das mais diferentes especialidades, desenvolvendo temas ligados a vários setores da indústria, meio ambiente e bioengenharia. Assuntos mais técnicos como a simulação de processos de fabricação está lado a lado com aspectos mais científicos, como o desenvolvimento de novas técnicas de modelamento de materiais, assim como são estudados materiais tradicionais como o aço ou novas ligas em diferentes aplicações. A pesquisa apóia-se, principalmente, em uma rede de computadores a que todos têm acesso e à interdisciplinaridade de temas¹⁷.

A Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda da UFF desenvolve atualmente um total de sete projetos de extensão. O Departamento de Engenharia Mecânica mantém três projetos com destaque para o setor de engenharia automotiva¹⁸. O Departamento de Engenharia de Agronegócios tem uma ação de extensão com pesquisas sobre a inserção da agricultura familiar no mercado de Barra Mansa¹⁹ e o Departamento de Engenharia de Produção tem três projetos: UFFormula, versões 2012 e 2013, e Educação Financeira para Universitários²⁰.

A trajetória da escola nos últimos 20 anos foi marcada por algumas modificações estruturais e administrativas que merecem ser destacadas. Em 2004, dentro da política de interiorização implementada pela UFF, foi criado o Polo Universitário de Volta Redonda (PUVR). Acompanhando o processo de interiorização, em 2005, foram estabelecidos convênios com o MEC para a instalação de novos cursos na região, também na área de humanidades e ciências sociais: Administração, Administração Pública, Ciências Contábeis, Direito, Administração Publica à Distância e Psicologia e Ciências Exatas (Física Computacional, Matemática, licenciatura em Química e Química Organizacional).

Desta forma, o campus ampliou suas áreas de atuação e, a partir de 2008, com a aprovação do plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, do governo federal, novas transformações se deram em Volta Redonda, dentre elas, a construção de três novos prédios com 4.300 metros quadrados e quatro andares cada um. Como a expansão dos cursos das áreas de humanas, ciências sociais e exatas estava em curso, a partir do Reuni foi possível desmembrar o campus em três unidades independentes: Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda, Instituto de Ciências Humanas e Sociais e Instituto de Ciências Exatas²¹.

Leia o texto na íntegra aqui

 Notas

¹ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Problema educacional de Volta Redonda. In: CICLO DE ESTUDOS SOBRE SEGURANÇA NACIONAL E DESENVOLVIMENTO, 1971, Volta Redonda, p. 29.
²UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.engenhariavr.uff.br/index.php/a-escola/historico.html>. Acesso em: 8 dez. 2014.
³LUCK, E. H.  A interiorização na Universidade Federal Fluminense: uma vocação e um desafio. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA DO SUL, 4, 2004, Florianópolis. Anais... Florianópolis: INPEAU, 2004.
⁴ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Problema educacional de Volta Redonda. In: CICLO DE ESTUDOS SOBRE SEGURANÇA NACIONAL E DESENVOLVIMENTO, 1971, Volta Redonda, p. 29.
⁵ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Problema educacional de Volta Redonda. In: Ciclo de Estudos sobre Segurança Nacional e Desenvolvimento, Volta Redonda, 1971, p. 29.
⁶ESCOLA de Engenharia de Volta Redonda faz 30 anos. Fator, Volta Redonda, jul/ago. 1991, p. 4.
⁷ESCOLA de Engenharia de Volta Redonda faz 30 anos. Fator, Volta Redonda, jul/ago. 1991, p. 4.
⁸ESCOLA de Engenharia de Volta Redonda faz 30 anos. Fator, Volta Redonda, jul/ago. 1991, p. 4.
⁹VAZ, Marcos da Rocha et al. Participação das engenharias na interiorização da UFF. CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, 30, 2002, Piracicaba, SP. Artigos publicados... Piracicaba: ABBENGE, 2002. Disponível em: <http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2002/artigos/28.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁰SILVA, Alexandre José; GOUVEA, Jaime P. Plano de ação EEIMVR (1999-2003), Chapa União e Trabalho, UFF-Volta Redonda, 1999.
¹¹UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.engenhariavr.uff.br/>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹²SILVA, Alexandre José; GOUVEA, Jaime P. Plano de ação EEIMVR (1999-2003), Chapa União e Trabalho, UFF-Volta Redonda, 1999.
¹³UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.engenhariavr.uff.br/>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁴UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.pgta.uff.br/>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁵UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.engenhariavr.uff.br/index.php/pos-graduacao/metrado-profissional.html>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁶UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.labceo.uff.br/index.php/quem-somos>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁷UFF. Escola de Engenharia de Volta Redonda. Disponível em: <http://www.engenhariavr.uff.br/index.php/pos-graduacao/metrado-profissional.html>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁸MEC. Ministério da Educação. Sistema de Gestão e Projetos. 2014. Disponível em: <http://sigproj1.mec.gov.br/resultado.consulta.php?titulo=&bedital=0&protocolo=&processo=&tipo=0&palavras=&resp=&area=0&inst=123&apro=1062&exec=0&sit=0&ordenar=1&direcao=1&inicio=0-00&termino=0-00&regiao=Sudeste&estado=2&bplataforma=1>. Acesso em: 16 dez. 2014.
¹⁹MEC. Ministério da Educação. Sistema de Gestão e Projetos. 2014. Disponível em: <http://sigproj1.mec.gov.br/resultado.consulta.php?titulo=&bedital=0&protocolo=&processo=&tipo=0&palavras=&resp=&area=0&inst=123&apro=1062&exec=0&sit=0&ordenar=1&direcao=1&inicio=0-00&termino=0-00&regiao=Sudeste&estado=2&bplataforma=1>. Acesso em: 16 dez. 2014.
²⁰MEC. Ministério da Educação. Sistema de Gestão e Projetos. 2014. Disponível em: <http://sigproj1.mec.gov.br/resultado.consulta.php?titulo=&bedital=0&protocolo=&processo=&tipo=0&palavras=&resp=&area=0&inst=123&apro=1062&exec=0&sit=0&ordenar=1&direcao=1&inicio=0-00&termino=0-00&regiao=Sudeste&estado=2&bplataforma=1>. Acesso em: 16 dez. 2014.
²¹SILVA, Alexandre José; GOUVEA, Jaime P. Plano de ação EEIMVR (1999-2003), Chapa União e Trabalho, UFF-Volta Redonda, 1999.