O curso autônomo de Biblioteconomia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uferj)

As primeiras iniciativas relacionadas à formação acadêmica em Biblioteconomia no Brasil remontam ao início do século XX. Foram concretizadas em 19111, quando da criação do primeiro curso de Biblioteconomia da América Latina e o terceiro no cenário internacional, organizado pela Biblioteca Nacional. Nesse momento, o ensino de Biblioteconomia foi bastante influenciado pelo modelo humanista francês, mas a partir dos anos 1930, passou a aderir ao paradigma pragmático norte-americano que se consolidou nos anos 19602.

Durante os anos 19503, a luta pelo reconhecimento da profissão congregou esforços dos bibliotecários, para garantir que as atividades profissionais em bibliotecas e arquivos não fossem tomadas por leigos e profissionais de outras áreas. A primeira vitória conquistada nesse sentido ocorreu em 1958, quando a profissão foi regulamentada no Serviço Público Federal através da portaria 162 do MTPS4. Quatro anos depois foi aprovada a Lei 4.084/62 que vigora até os dias de hoje, regulamentando a profissão e estabelecendo as prerrogativas dos portadores de diplomas no Brasil5.

O curso autônomo de Biblioteconomia da Uferj iniciou suas atividades em 1963, por meio da iniciativa de um grupo de professores que sugeriu a abertura do curso à Reitoria. Dentre eles estavam Hagar Espanha Gomes e Ieda Gapo Viana de Brito6. O curso foi aprovado, a título experimental, em reunião do Conselho Universitário de 16 de abril daquele mesmo ano7. Funcionava nas dependências da Biblioteca Pública Estadual de Niterói e teve o ingresso de sua segunda turma já no ano seguinte. A sua duração era de três anos, com um currículo composto por disciplinas profissionais e de cultura geral, cada uma com duração de um ano8. Os primeiros estudantes concluíram o curso em 1965, mas não receberam diplomas, e, sim, uma declaração de conclusão que lhes garantiam o exercício da profissão. Essa situação perdurou até o reconhecimento do curso no Conselho Federal de Educação, obtido em junho de 1970, através do parecer 511/70 da Câmara Superior de Ensino do MEC9.

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Notas

1 Entre 1911 e o final da década de 1940, também foram criados no Brasil os cursos de Biblioteconomia da Uni-Rio (1911), da Fesp-SP (1936), de Biblioteconomia e Documentação da UFBA (1942), de Biblioteconomia da PUC de Campinas; o da UFRGS (1947) e a Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da informação em 1948. Cf. SOUZA, Francisco das Chagas de. Cursos de Biblioteconomia no Brasil: século XX. In:___. O ensino de Biblioteconomia no Brasil: século XX. Florianópolis: EdUFSC, 2009. p.186.

2 JOB, Ivone; OLIVEIRA Dalgiza Andrade. Marcos históricos do desenvolvimento da profissionalização de bibliotecário no Brasil. Revista ABC, Florianópolis, v.11, n. 2, 2006. Disponível em: <http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/449/565>;. Acesso em: 15 jan. 2014.
3 SOUZA, 2009, p. 87.

4 JOB, Ivone; OLIVEIRA, Dalgiza Andrade. Marcos históricos do desenvolvimento da profissionalização de bibliotecário no Brasil. Revista ABC, Florianópolis, v. 11, n. 2, 2006. Disponível em: <http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/449/565>;. Acesso em: 15 jan. 2014.

5 SOUZA, 2009, p. 87.

6 Dentre os professores que lecionaram desde os primeiros anos no curso também estavam Israel Pedrosa, José Pedro Pinto Esposel, Celia Ribeiro Zaher, Elsy Guimarães Ferreira, Lia Manhães de Andrade Frota, Luiz Gonzaga de Magalhães, Orsely Guimarães de Brito, Elvia de Andrade, Sávio Soares de Souza e Telmo Tavares. Cf. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Formatura da primeira turma do curso autônomo de Biblioteconomia (1963-1965). Niterói, 1966.

7 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Processo nº 3292/63, de 20 de junho de 1966. Reconhecimento do curso de Biblioteconomia. Parecer de Acyr de Paula Lobo (p/Chefe da SP), em 21 jun. 1966. Encaminhamento do processo ao Conselho Federal de Educação por Luiz Gonzaga Magalhães (Diretor do DE). De acordo Reitor Manoel Barreto Netto, em 4 julho1966. 2 f.

8 Catalogação, Classificação, Organização e Administração de Bibliotecas, Bibliografia e Referência, Documentação, Paleografia, História do Livro e das Bibliotecas, História da Arte, História da Literatura e Evolução do Pensamento Filosófico e Cientifico compunham o currículo do curso que também exigia dos estudantes um estágio obrigatório em bibliotecas ao fim das disciplinas.Cf. TAVEIRA, Dyrse Barrêto. O curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense. In: PRIMEIRO ENCONTRO DOS RESPONSÁVEIS PELA EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE BIBLIOTECAS NO BRASIL, 1., 1973, Brasília. Contribuição... Niterói: UFF, 1973.

9 BRASIL. Conselho Federal de Educação. Câmara de Ensino Superior. Parecer n◦ 511, de 25 de junho de 1970. Reconhecimento do curso de Biblioteconomia de Documentação da Universidade Federal Fluminense. Proc. nº 31584/66-MEC e anexos. 2 f.

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